domingo, 29 de novembro de 2015


  
EXPECTATIVA & REALIDADE






Diante da tela pálida e faminta de palavras, permaneci por algum tempo, decidi que desta vez escreveria algo como um tipo de auto-ajuda, esses discursos repletos de placas indicando o caminho à seguir, indicadores cheios de si ocultos num tom de alegria contagiante. Hipocrisia vestida de boa moça, recebida pela maioria de braços abertos, olhos marasmáticos e mentes zumbis, dizendo que tudo vai bem enquanto nada vai, assim servindo de alucinógeno momentâneo e levando-os para uma realidade paralela, cada qual onde deseja estar. Preferi então falar daquilo que é verdade, a verdade que dói demais e ninguém quer ler, pois sofrer não é bom, não dá prazer e é fardo para todos nós. É fato que seja mais leve e doce ver estrelas que escuridão infinita e um futuro oposto ao marasmo de hoje. Pensar que se dissermos dez vezes ao dia "vou ficar bilionário", um dia por força dessa afirmativa ficaremos. Que a tristeza não é maior do que podemos suportar e que se olharmos para uma bela flor, tudo simplesmente dissipará como num passe de mágica. Todavia, se nada disso ocorrer, ainda assim, temos por onde recorrer, teimosos afirmamos que não foi desta vez, mas ainda haverá de ser numa próxima vida... Agimos assim pois é difícil demais aceitar o antônimo de tudo isso... Exaurimo-nos voltar o olhar à realidade densa onde para tudo há consequentes, preços e muitas vezes alguns não estão dispostos a pagá-los, o que significará danos e dores aos que não devem nada. Uma realidade onde a melodia nem sempre é aquela que se deseja ouvir, e a paz não está tão perto quanto dizem estar. Onde o amor é discutível sim, negociável e às vezes, até mesmo descartável. Onde para alguns, palavras são apenas isso, nada mais... E para os que nelas confiarem, tenebroso fim lhes reserva o destino. Uma realidade repleta de cores, que nem sempre serão cinza ou das cores que escolhermos, porém, das que ela pinta. Onde haverá muitos beneficiados e nem todos serão maus, alguns serão bons e melhores que nós, mais dignos e muito merecedores do que possuem. Que perderemos para grandes e seremos pequenos diante de muitos, mesmo nos esforçando e nos vendo grandes o bastante para derrubar à todos. Onde perdas não serão conquistadas, outras sim... Inocentes serão injustiçados e culpados serão vitoriosos. Dentre estes, muitos culpados se tornarão melhores que suas vítimas e elas não os perdoarão tornando-se vis, se comparadas ao seu algoz. Haverá dores, muitas dores, perdas, ganhos e nem sempre alguns pedidos serão realizados. Isso não significa que somos maus, que Deus não exista ou que o céu está contra nós. Apenas que "ainda" estamos por aqui, que desgraças e lágrimas não deixarão de existir simplesmente por uma porção da existência negá-las, isso é fato. Mas que mesmo tendo essa cruel e dilacerante realidade estilhaçada diante dos olhos, ainda assim, possamos ao invés de cerrar o olhar racional, abri-lo e com isso respeitar as dores que nos cercam não desprezando-as, como se a esquizofrenia do alienado fosse o fato e o fato fosse esquizofrenia. 

Escritora Tereza Reche

quarta-feira, 25 de novembro de 2015


ENTREVISTA ESPECIAL CEDIDA AO REPÓRTER,  ESCRITOR E DOCENTE
"DHIOGO  J. CAETANO"



Breve biografia

Premiado escritor goiano da cidade de Uruana, condecorado com o certificado de mérito pelo Waldenburg International College e pelo Conselho Internacional para os Direitos Humanos, de Arbitragem e de Estudos Políticos e Estratégicos (ICHAPS). Dhiogo José Caetano foi escolhido por meio de votação na internet. A eleição, feita pela internet e denominada Medalha de Excelência para as Figuras mais Influentes do Mundo, ocorreu por meio de enquete. Foi escolhido através da categoria Homens de Letras, Pensadores e Cientistas. Possui várias obras publicadas e é egresso do curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG), de Itapuranga.

Entrevista

Opinando e Transformando


ESCRITORA - TEREZA RECHE



Breve Currículo

Escritora/Biomédica, bacharela e licenciada. Atuou na área laboratorial como biomédica responsável, posteriormente como Docente e Coordenadora de curso de ensino superior entre 2008-2011 na área Biomédica. Escreve desde 1988, possui vários livros publicados pela Editora Perse, dentre eles ARMADILHAS DE UM TEMPO – O SILÊNCIO DE EULLER (Troféu Cecília Meireles 2015) e DITADURA DE CORAÇÕES. 
Atualmente dedica-se às obras em andamento.

DHIOGO - Em sua opinião, o que é cultura?

Essa sem dúvida é uma das questões mais complexas que já respondi em todas as entrevistas que cedi! Cultura... A cultura é tão envolta em complexidade que pode ser descrita de vários pontos de vista; antropológico, científico social, filosófico dentre outros. Na época de Isaac Newton cultura possuía a dicotomia de erudita ou popular. Hoje podemos analisar a cultura de maneira religiosa, artística, política social, ritualística... O que é Cultura? Veja; li certa vez num livro de Ruth Benedict “O crisântemo e a Espada”, que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo... Esse conceito, de todos, foi o mais próximo da realidade que encontrei. Na antropologia, Edward Burnett Taylor expressa a opinião dele, dentre outros que também possuem suas definições, mas muito limitadas e restritas. Mas quando se diz que a cultura é como uma lente, se diz que você enxerga da forma que deseja.

DHIOGO - Você se considera um difusor cultural?

Creio que todo aquele que se propõe a passar aquilo que recebeu de conhecimento, seja de qual princípio for, é um difusor cultural. Então, sendo eu uma escritora e docente na área da saúde, sim posso me considerar diante desse pressuposto uma difusora cultural. Reforçando ainda mais pelo gênero da literatura que escrevo, no caso na maioria romances históricos onde abordo assuntos políticos e religiosos de épocas como século XVI a Reforma Protestante, século XI o Catarismo e ano de 1932 Revolução Constitucionalista.

DHIOGO - Qual é o seu papel neste vasto campo da
transformação mental, intelectual e filosófica?

Como acabo de citar acima, minha linha literária é histórica. Procuro escolher um fato relevante da história e sobre este crio um cenário fictício e uma trama que o permeie. Hoje percebo que a literatura vem perdendo esse foco, e eu particularmente, acho importante que a sociedade não perca suas memórias históricas. A ficção é mágica, faz parte da poesia, do romance e do fenômeno da literatura, mas não se pode perder a oportunidade de, se possível, permear fatos do passado da humanidade em nossos devaneios artísticos. A metamorfose ocorre de maneira gradual... O leitor passa a refletir na mente do personagem, passa a filosofar junto a ele e com isso, encontra respostas que jamais teria se não fosse por meio da ficção.

DHIOGO - Como você descreve o processo de aculturação, ao
 longo da formação da sociedade brasileira?

Descrevo, segundo meu ponto de vista a passos lentos. Para o Brasil que mantém uma característica muito particular onde, resguardar suas raízes culturais é muito importante, se impõe um paradoxo.... Cada estado guarda consigo uma certa preocupação e até mesmo antagonismo a cultura do outro estado, isso é nítido. Nordestinos e paulistanos, baianos e cariocas dificilmente aceitariam unificar suas culturas de forma fácil. Isso vem sendo buscado desde a época da catequização indígena pelo padre Anchieta através de inquisição! E nem assim a igreja romana conseguiu, muitos mantêm sua cultura 515 anos depois. O que acredito que possa ser aderido como aculturação de maneira mais aceitável, sejam culturas que não interfiram na identidade social de cada território, como por exemplo a força estrangeira do rock em momento algum destruiria o pagode ou o samba daqui, então é aceito pela massa. Em outro exemplo, pesquisas recentes mostraram que menos de 10% dos brasileiros sabem fluentemente o inglês, o idioma difundido universalmente. Ou seja, resumindo, um processo lento, senão linear constante.

DHIOGO - A cultura liberta ou aprisiona os indivíduos?

Bom, segundo a afirmativa que fiz na questão (2), que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Eu creio que nossa perspectiva cultural, nos condiciona a depreciar tudo o que se comporta fora dos padrões impostos pelo nosso ponto de vista. Seguindo essa linha de raciocínio, posso afirmar que é um fato a cultura aprisionar o indivíduo, visto que este se mantém limitado a padrões muitas vezes advindos de herança geracional, o que intensifica ainda mais essa restrição, não só mental, mas também emocional para expandir seus horizontes.

DHIOGO - Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?

A difusão da cultura em geral, mesmo no mundo globalizado em que vivemos hoje, demonstra certas complexidades no que se refere a “semelhanças entre si”. Entretanto, devido exatamente à globalização, tecnologia, redes sociais dentre outras ferramentas das que temos em mãos atualmente, existe um processo dinâmico que a Antropologia denomina de Aculturação. Ou seja, temos inúmeras barreiras, porém, temos algo que permeia independente de nós, assumindo um caráter positivo para essa visível unificação cultural. Quanto aos fatores negativos, estão por exemplo a resistência a mudanças, com isso o fortalecimento da outra cultura, do outro ideal. Parece que manter a cultura, mesmo que aparentemente estabelecida, é outro problema, pois, se esta não for aplicada de maneira cauterizada, em curto prazo se perderá para a anterior.

DHIOGO - Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural brasileiro e mundial?

É o espaço mais importante, rico e disponível em tempo permanente, para maior parte da população. Usufruir a tecnologia, mesmo as redes sociais como meio de difundir troca de ideias, formar opiniões e disseminar a cultura de maneira gradativa, é sem dúvida a porta da evolução coletiva da descoberta e, sobretudo, aceitação da cultura em geral.

DHIOGO - Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?

Voltando-me à literatura, faço uma observação, precisamos como escritores, nos preocupar menos em quantidade e mais em qualidade do ideal transmitido. Que o leitor absorva uma ficção prazerosa, entretanto que esta, mesmo que de forma subliminar, possa de fato semear algo significativo no leitor, principalmente em âmbito filosófico. Precisamos pensar! ...A cada década que passa a sociedade ri ou chora mais, porém pensa menos. 


Escritora Tereza Reche