quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A DOR DA ESCRITA

Estive discutindo recentemente o quanto dói escrever... Sim dói na alma, no espírito, na carne, nervos e epiderme.
É algo tão inflamatório e viral, que chega à ser mortal. Morro a cada letra que escrevo, verto pelo olhar a lástima por aquelas que não encontro, e lamento por não ser compreendida pelos que as leem.
Adoeço a cada início, permeando esse tormento por todo o discorrer da cada frase e parágrafo novo. Tenho vertigens de prazer e síncopes de tamanha embriaguez pelas dores que crio.
Acordo ante a letargia dos sonhos de personagens e mocinhos, no drama dos vilões que morrerão e na incerteza da vitória do protagonista.
Me embebedo do medo dos erros criticáveis e nauseantes daquele que não me vê, mas me procura fracassar.
Me afogo num pânico constante e insidioso de não mais poder escrever, de não mais ser tomada pelas visões e palavras que me rondam sempre, ao menos até agora. 
Há dores, dores prazerosas, sadomasoquistas e insanas, como as que declaro aqui, dores que sangram enfurecedoramente a nossa carne, nas teclas de qualquer instrumento. Dores que tentam nos assassinar a cada instante, mas que somente nos completa, nos infla de êxito e paz dolorosa.
Temo não sair daqui, mas temo um dia ter que daqui sair... Temo não ser entendida, mas temo que entendam-me completamente. 
Escrevo para não ser asfixiada em visões e gritos que não me permitem, não fazê-lo. 
Sim, dói deliciosa e vorazmente escrever, vivo e morro por isso, e quando morrer, onde estiver meu ser, precisarei escrever...



Escritora Tereza Reche