sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016




- ENTREVISTA COM AUTORES V- 
POR TEREZA RECHE

José Cícero do Nascimento

A quinta entrevista da Coluna Entrevista com autores, traz o escritor José Cícero do Nascimento (Pseudônimo: Ariano Paraná) José Cícero nasceu em 15 de abril de 1965. Sua vida não foi fácil. Nasceu e cresceu nas fazendas de café na região de Londrina - Paraná. Não teve muito tempo para ir à escola, começou a trabalhar cedo, todavia, tal fato não o impediu de ler e estudar com intensidade em sua própria casa. Podemos dizer que o moço é um autodidata. Além disso, ainda jovem tomou gosto pela escrita e pela música, tal fato o obrigou a sempre estar com papel, caneta e violão nas mãos e debruçado sobre os livros. Com isso, conseguiu em pouco tempo a compor e escrever sobre tudo que via e ouvia. Sua casa é uma verdadeira biblioteca e museu.
Entretanto, seus trabalhos permaneceram engavetados até há pouco tempo, quando decidiu, por incentivo de amigos e parentes a levá-los para a internet e consequentemente a mostrá-los ao publico.
Dizem que para aprender não existe tempo nem idade. Seguindo tal raciocínio, depois dos trinta, José Cícero do Nascimento, decidiu a ir para a escola para se atualizar e aprimorar seus conhecimentos. O tempo foi bem aproveitado. Além dos cursos regulares, fez também diversos cursos profissionalizantes. Trabalhou por vinte anos na mesma empresa. Hoje, está aposentado e está aproveitando esse tempo para passar a limpo todos os rascunhos escritos e vividos. 
Sua batalha atual, além de escrever e compor, é fazer a divulgação de seu trabalho. Em breve teremos novidades. 

TEREZA RECHE
Como e quando o Sr (a) iniciou sua carreira, e o que o levou a isso?

ARIANO PARANÁ
Desde sempre tive vontade de expressar minhas ideias escrevendo. Mas, somente recentemente tive vontade de levar meu trabalho a público. Praticamente minha carreira de escritor se iniciou em 2013, quando escrevi Fotografias da vida. O que me levou a essa escolha foi à vontade de por para fora tanta inspiração, que acredito, vem de Deus.

TEREZA RECHE
Cite suas obras e onde encontrá-las por gentileza.

ARIANO PARANÁ
Por enquanto minha obra se resume a um livro – FOTOGRAFIAS DA VIDA -, porém, tenho mais quatro escritos e só aguardando para serem publicados. No momento o livro está disponível através de pedidos realizados via e-mail: arianoparana@gmail.com, WhatApp: (17) 17-9-9659-5926, ou no site da Multifoco Editora. http://editoramultifoco.com.br/loja/product/fotografias-da-vida/

TEREZA RECHE
Você acha que a figura do “leitor” continua em segundo plano nas reflexões literárias? 

ARIANO PARANÁ
Sim. E acredito ser um grande erro. O leitor é a outra metade da Nação do escritor. 

TEREZA RECHE
A Literatura há alguns anos, vem tomando novo corpo, a tecnologia propiciou isso. Publicações virtuais, facilidade em se auto publicar, dentre outras vias. Ao seu ver, como escritor da atualidade, esse cenário é de fato benéfico à Literatura, ou precisamos rever nossos conceitos. Qual o papel do escritor, em relação a disseminação e consequente transformação mental, intelectual e filosófica dos leitores como sociedade? 

ARIANO PARANÁ
Eu não creio que toda essa tecnologia, toda essa facilidade para publicar seja benéfica na totalidade para a cultura e literatura. Tem muito lixo em meio a coisas ótimas. Precisamos rever nossos conceitos. Existe muita gente lucrando com toda essa facilidade, mas o publicado nem sempre agrada o principal que deveria se sentir satisfeito, que é o leitor. A literatura, a cultura são quem estão perdendo com tudo isso. Qual será o legado?
No geral, o escritor tem papel importante na transformação da sociedade no sentido mental, intelectual e filosófica, moldando através da escrita o modo de pensar e de agir das pessoas e ao passar para o futuro os modos e costumes de hoje. 

TEREZA RECHE
Qual a sua leitura de ficção brasileira hoje? É possível traçar vertentes e características?

ARIANO PARANÁ
Minha leitura ficcional preferida é aquela em que o autor levanta questões sobre assuntos atuais e controversos, aqueles que a sociedade tenta esconder e fingir que eles não existem. Hoje é possível separar, entre os escritores brasileiros contemporâneos, aquilo que traz um refinamento, material pesquisado, dos outros que traz uma superficialidade descarada. 

TEREZA RECHE
Escrita ou Vendas? Partindo do seu ponto de vista, qual desses substantivos femininos melhor se encaixaria no cenário literário atual? E por quê?

ARIANO PARANÁ
Muitos atores iniciantes se preocupam muito com o substantivo feminino “venda”, e até se esquecem daquilo que faz uma historia ser linda e inesquecível, a escrita. Muitas editoras, e outras que nem são, também, se preocupam mais em vender do que em divulgar a historia, o autor. Acredito que acima da literatura está o financeiro. 

TEREZA RECHE
Qual escritor admira? E qual escrita aguça sua curiosidade literária?

ARIANO PARANÁ
Machado de Assis, Paulo Coelho estão, entre aqueles que admiro. A leitura que aborda problemas que afligem a alma, que relata enigmas sociais e tópicos que desafiam a compreensão humana são as que mais aguçam minha curiosidade. 

TEREZA RECHE
Como você avaliaria a literatura que se encontra no ranking dos melhores e mais vendidos? Existe obrigatoriamente que se seguir critérios para a criação literária? Justifique-se. 

ARIANO PARANÁ
Existe muito marketing por trás das obras consideradas grandes e que encabeçam a lista de mais vendidos. Têm escritores que investem em propaganda mais do que arrecadarão com a venda de seus livros. Mas não podemos negar que algumas obras alçam voo por conta própria, por serem boas mesmo. Não existem critérios específicos para a criação literária. A concepção literária vem da alma, é particular e cada escritor trás cosigo sua particularidade. É dom. Porém, existem sim, regras que não se pode fugir. 

TEREZA RECHE
Que problemática você destacaria na prática da difusão cultural no país? Como poderíamos resolver, senão amenizar tal situação?

ARIANO PARANÁ
Em primeiro plano está o desapego das pessoas pelas artes brasileiras. Principalmente pela literatura e cinema. A um preconceito dos brasileiros sobre as coisas do Brasil, e isso vem de longe. Exemplo: quase todas as literaturas brasileiras que relatam sobre o descobrimento do Brasil foram feitas em forma de chacota, de gozação. Por quê? Para amenizar deveriam existir campanhas a favor da disseminação da cultura nas escolas desde o primário até o ensino médio. Poucas seriedades dão a esse assunto tão extraordinário. 

TEREZA RECHE
Como profissional literata, ao criar um novo livro, você exerce a escrita racional ou permite que a inspiração flua de maneira livre?

ARIANO PARANÁ
Sem sair das regras já mencionadas eu permito que a criação flua de maneira franca e constante. 

TEREZA RECHE
O que você, na pele de leitor, jamais leria?

ARIANO PARANÁ
Textos de autoajuda, explicações sobre versículos bíblicos e trabalhos literários forçados, que não fluiu naturalmente. 

TEREZA RECHE
Escritor incondicionalmente o sendo por amor. Existe?

ARIANO PARANÁ
Sim. Existem aos montes.



TEREZA RECHE
Por que em sua opinião, certos gêneros, por mais interessantes que pareçam ser não vendem no mercado atual literário? Qual a estratégia, se é que existe, a ser posta em prática para que este obstáculo seja vencido? 

ARIANO PARANÁ
Há uma falta de harmonia visível entre o público e o escritor. Certos gêneros de autores brasileiros perdem para escritores estrangeiros, talvez, pelo fato do brasileiro esquecer-se de ser artista e querer ser apenas comerciante. Em minha opinião, não existe estratégia para que esse paradigma mude. A não ser que o próprio escritor mude seus conceitos. 

TEREZA RECHE
Cultura e Intelectualidade caminham de mãos dadas, entretanto não são homogêneas... Afinal, a sociedade está mais intelectualizada ou apenas mais “antenada”?

ARIANO PARANÁ
Mais antenada do que intelectualizada. Hoje em dia há muita informação, mas de maneira espalhada e fora de contexto. Podemos encontrar o mesmo assunto retratado de vários modos diferente. Acho que isso não ajuda, só confundem. 

TEREZA RECHE
 Em que está trabalhando atualmente (livros)?

ARIANO PARANÁ
2015 e 2016, venho trabalhando em quatro livros de assuntos diferentes, depois vou avaliá-los e decidir qual deles publicar no segundo semestre do corrente ano. 

TEREZA RECHE
De suas obras, qual sente maior apreço e qual sua sinopse resumida?

ARIANO PARANÁ
Por enquanto minha obra se resume a um livro – FOTOGRAFIAS DA VIDA -, porém, estou trabalhando em outros quatro e pretendo publicar pelo menos um, ainda nesse ano de 2016. 

Sinopse


Texto ambientado na metrópole de São Paulo dos dias atuais, entramos na vida de Maria Olívia e logo no sumário vemos os homens que farão parte de sua jornada influenciando suas ações. Mas, não é uma simples vida: é uma epopeia! “Fotografias da vida” é um romance fictício com boa dose de aventura e drama juvenil, onde o tema principal é constituído pela amizade, pelos relacionamentos amorosos e familiares. Faz breve observação sobre os jovens e adolescentes e suas primeiras descobertas particulares. Num segundo plano, mas não menos importante, fala de abusos cometidos contra esses seres que ainda estão com suas personalidades e condutas em formação e nas influências que esses acontecimentos geram em suas mentes e em seu futuro. Fotografias da vida, além dos tópicos apresentados, faz uma metáfora sobre o sistema prisional brasileiro e critica, de forma sutil, o modo de viver da sociedade. “Fotografias da vida” mostra adolescentes falando sobre assuntos de adulto. Adquira “Fotografias da vida” leia e conheça as aventuras e desventura de Maria Olívia Palimo.


TEREZA RECHE
É complexo discutir política hoje no Brasil, entretanto é nítido que ser escritor hoje, e não me refiro aos últimos poucos anos, cito décadas e décadas atrás, é extremamente dificultoso. Porém, devido à crise intensa em que vivemos, e o foco dos auxílios do atual governo não ser os profissionais escritores, como você analisaria do seu ponto de vista, o futuro das Editoras, dos escritores iniciantes e por fim dos livros físicos? 

ARIANO PARANÁ
O futuro é incerto, tanto para Editoras, como para novos escritores e para os livros impressos; chega ser triste. Vi na internet um livro de 180 páginas, com uma historia fascinante sendo vendido por R$5,99. Que isso companheiro? As Editoras terão que se unirem aos novos escritores, não com o intuito de explora-los, como muitas veem fazendo, mas a de trabalharem juntos, como se fossem uma empresa, só assim para tentar burlar os problemas que veem por ai, com relação à divulgação e vendas de LIVROS IMPRESSOS. 

TEREZA RECHE

Quais seus planos para 2016 em relação a sua vida literária?

ARIANO PARANÁ
Mesmo conhecendo as dificuldades, pretendo publicar em 2016. 

TEREZA RECHE
Deixe sua mensagem aos leitores e colegas de profissão.

ARIANO PARANÁ
Aos escritores, não desistam e seja o mais original possível. Leia muito e pesquise bastante. Faça perguntas. Jamais escreva sobre algo que não conheçam. Afinal, escrever um livro é como fazer um bolo. Primeiro se tem a ideia de fazê-lo, depois, se junta os ingredientes e em seguida e só monta-lo. Logo, o desejo do confeiteiro, assim como do escritor é o de mostrá-lo para todo mundo. Não se empolgue demais e vá de vagar. Aos leitores, esqueçam um pouco a literatura habitual e consuma escritas atuais, de escritores novos e brasileiros, ali existe toda uma perspectiva do moderno, do agora. 







"O difícil fiz ontem, o fácil, faço hoje, o impossível, farei amanhã".


Caro José Cícero do Nasciento, foi um prazer ter sua participação no Blog Por Tereza Reche.