terça-feira, 1 de março de 2016





- ENTREVISTA COM AUTORES VIII -

POR TEREZA RECHE


      Ben Baruch


A oitava entrevista é com o paulistano, de origem judaica, nascido em 12 de junho de 1957, Ben Baruch. Casado, pai de três filhos e avô de cinco netos que diz completar sua alegria e vontade de viver. O escritor estudou até o terceiro ano de Direito e em 1997, chegou ao Bacharelado em Teologia em um renomado Seminário Batista. 

Segundo Ben Baruch; Desde a infância dividi minha paixão entre o futebol e a leitura. Quando criança, preferia ganhar livros, enciclopédias e dicionários ao invés de brinquedos. Peguei gosto pela escrita aos nove anos de idade, devido a forte “influência” por parte de minhas professoras na época, que exigiam que seus alunos escrevessem em torno de 300 redações durante as férias escolares. Quando adolescente, aos 14 anos, apreciava Khalil Gibran e livros de filosofia clássica, como os de Platão e Sócrates. Depois dos 20 anos, lia tantos livros que não tinha mais lugar para guardá-los em casa e passei a frequentar a biblioteca municipal. Sempre acreditei que a cultura é o único bem que nunca poderá ser roubado de seu possuidor. Sou assumidamente um defensor da importância do conhecimento na vida do homem, por isso procuro escrever textos inspiradores, voltados para o fortalecimento emocional e espiritual das pessoas, escritos esses que têm como principal objetivo semear a positividade entre os leitores e transmitir para estes a certeza de que o caminho do amor ao próximo é sempre a melhor escolha.


TEREZA RECHE

Como e quando o sr(a) iniciou sua carreira, e o que o levou a isso?


BEN BARUCH


Como disse anteriormente, o gosto pela escrita surgiu ainda na infância, quando minhas professoras do Ensino Fundamental (primário na época) faziam com que produzíssemos em torno de 300 redações nas férias do 3º e 4º anos. Depois, já adulto, comecei escrevendo em Blogs e posteriormente reuni os textos em livros que eram distribuídos gratuitamente em formato PDF. Agora, por sugestão de amigos, estou revisando-os e disponibilizando-os na forma impressa. 


TEREZA RECHE
Cite suas obras e onde encontrá-las por gentileza.

BEN BARUCH


Disponíveis para venda são: Uma História de Amor e Na Dimensão do Espírito. Os pedidos podem ser feitos através dos emails: benbaruch@hotmail.com ou reservas@benbaruchlivros,com.br ou ainda, inbox em minhas páginas no Facebook: https://www.facebook.com/benbaruchlivros/



Em fase de revisão: Universo de nós dois; Ciúme, esse mal tem cura!; Aprendendo com os erros alheios; Reencarnação – farsa ou realidade? Entre outros.




TEREZA RECHE
Você acha que a figura do “leitor” continua em segundo plano nas reflexões literárias? 

BEN BARUCH


Sou avesso aos extremos, mas infelizmente em alguns casos, parece que o desejo do lucro e da projeção do autor acabam gerando obras que deixam de lado o ser humano. Não existe o desejo de fazê-lo refletir sobre o mundo e as pessoas que o cercam, existe apenas o desejo consumista de entreter sem instruir.


TEREZA RECHE

A Literatura há alguns anos, vem tomando novo corpo, a tecnologia propiciou isso. Publicações virtuais, facilidade em se auto publicar, dentre outras vias. Ao seu ver, como escritor da atualidade, esse cenário é de fato benéfico à Literatura, ou precisamos rever nossos conceitos?



BEN BARUCH

Embora prefira textos impressos, acredito que as publicações virtuais são benéficas, pois oferecem a preços convidativos obras que se impressas poderiam inviabilizar a comercialização para algumas camadas da população. Tendo-se em vista a dificuldade em se publicar um título através de uma Editora, a auto publicação é uma alternativa. O ideal seria que todos tivessem as mesmas possibilidades junto aos editores. Infelizmente, essa ainda é uma realidade muito distante. Talvez, como conversamos em outra oportunidade, a criação de uma Associação de Escritores, onde os membros contribuíssem mensalmente e a cada semestre um ou mais autores fossem sorteados para terem um título publicado com as despesas pagas pela Associação seria uma alternativa.


TEREZA RECHE

Qual o papel do escritor, em relação a disseminação e consequente transformação mental, intelectual e filosófica dos leitores como sociedade? 



BEN BARUCH

Responsabilidade! Somos formadores de opinião, por isso somos responsáveis pelos conceitos que formulamos, pelas ideias que disseminamos, pelas bandeiras que asteamos.

TEREZA RECHE

Qual a sua leitura de ficção brasileira hoje? É possível traçar vertentes e características?



BEN BARUCH
Durante praticamente duas décadas minha leitura baseou-se em textos éticos e morais religiosos, fossem eles Judaicos ou Cristãos. Recentemente fui presenteado com um exemplar do livro "Rawena" da escritora Angie Stanley, após a leitura, enviei-lhe uma mensagem agradecendo por me proporcionar uma leitura tão agradável e descompromissada. Descompromissada no tocante à leveza do texto.



TEREZA RECHE

Escrita ou Vendas? Partindo do seu ponto de vista, qual desses substantivos femininos melhor se encaixaria no cenário literário atual? E por que?



BEN BARUCH

Vendas. Obviamente, sem generalizar, editores e escritores estão mais preocupados em produzir obras que gerem retorno financeiro em detrimento daquelas que produzam mudanças sadias na sociedade e na mente do leitor, fazendo-o rever conceitos e estabelecer padrões éticos e morais de comportamento. Se o que dá retorno no momento são os "vampiros" e "zumbis", vamos massificar o leitor com esses temas. Infelizmente esse parece ser o pensamento dominante nos últimos anos.

TEREZA RECH

Qual escritor admira? E qual escrita aguça sua curiosidade literária?

BEN BARUCH
Gosto dos livros de Nicholas Sparks. Aprecio muito a sua maneira de escrever. Livros investigativos sempre me chamaram a atenção, quer sejam temas atuais ou não. Admiro a audácia e a determinação de seus autores na busca pela verdade dos fatos.


TEREZA RECHE
Como você avaliaria a literatura que se encontra no ranking dos melhores e mais vendidos? Existe obrigatoriamente que se seguir critérios para a criação literária? Justifique-se. 



BEN BARUCH
Levando-se em conta que os “melhores e mais vendidos”, via de regra estão nas mãos das grandes Editoras e ocupam espaços “privilegiados” nas Livrarias (a preços nada convidativos para os pequenos), acredito que são mais produto de marketing envolvendo seus autores do que propriamente pela qualidade dos textos. Desculpe-me se pareço extremamente crítico nesse sentido, mas é o que vemos todos os dias: os mesmos autores, as mesmas editoras, os mais vendidos nas mesmas Livrarias e aí por diante. 

Acredito que o melhor critério é o da inspiração associada à responsabilidade dos textos. Mesmo obras de ficção podem conter informações que produzam nos leitores o desejo de alterar o rumo das coisas que o cercam, de estabelecer padrões que colaborem na construção de um mundo melhor. 





TEREZA RECHE

Que problemática você destacaria na prática da difusão cultural no país? Como poderíamos resolver, senão amenizar tal situação?



BEN BARUCH

Nosso país é composto por várias etnias, poucas são as famílias consideradas nativas, a maioria ainda está na 2ª ou 3ª geração de imigrantes que aportaram por aqui na esperança de viverem em paz e alcançarem prosperidade e segurança para seus entes queridos. Essa mistura saudável torna nosso país um celeiro cultural de proporções gigantescas, mas nossos governantes não buscam valorizar essa miscigenação, ao contrário, preferem oferecer uma educação de péssima qualidade, justamente nos anos mais férteis, que englobam a fase cognitiva das crianças e a sua adolescência. Como não se pode reprovar o aluno negligente e desatento, incentivamos a falta de interesse com a aprovação oficializada. Isso gerou um problema crônico: os professores (nem todos é claro) fingem que ensinam e os alunos (a maioria) fingem que aprendem. Consequentemente, poucos são os que apreciam a leitura e a pesquisa. Para amenizar essa situação seria necessária uma total reformulação educacional em todas as esferas. O ideal seria uma total conscientização da população pela necessidade de uma educação de qualidade, mas isso, nos moldes que vemos hoje parece ser apenas um pensamento distante ou um desejo utópico.


TEREZA RECHE

Como profissional literata, ao criar um novo livro, você exerce a escrita racional ou permite que a inspiração flua de maneira livre?



BEN BARUCH

Acredito sempre no equilíbrio: Nem tanto ao mar nem tanto à terra. A inspiração nos faz flutuar num universo onde tudo é possível, por isso prefiro colocar uma "pitada" de racionalidade para manter o leitor com os pés na realidade. 


TEREZA RECHE

O que você, na pele de leitor, jamais leria?



BEN BARUCH

Plágio. Vejo obras sendo "escritas" por autores diferentes, mas ao olhar as sinopses, percebo que são cópias umas das outras, muda-se apenas os nomes dos personagens, mas começo, meio e fim são exatamente iguais. 


TEREZA RECHE

Escritor incondicionalmente o sendo por amor. Existe?



BEN BARUCH

Sim, existe. Considero-me um deles. Nem todos escrevem para enriquecer, muitos o fazem pelo simples prazer de escrever e de ver a satisfação de seus leitores. O reconhecimento pelo seu trabalho os motiva a seguir em frente, produzindo obras de qualidade. Para eles, a recompensa financeira não vem em primeiro lugar, pode ser apenas a consequência natural que coroará a sua dedicação e entrega na elaboração dos textos. 


TEREZA RECHE

Por que na sua opinião, certos gêneros, por mais interessantes que pareçam ser, não vendem no mercado atual literário?



BEN BARUCH

Talvez porque falem mais de perto à realidade e grande parte dos leitores não está interessada nela. Preferem aquelas que apenas os distraia, os faça distanciarem-se dela. Querem apenas entretenimento e não informação. 


TEREZA RECHE

Cultura e Intelectualidade caminham de mãos dadas, entretanto não são homogêneas... Afinal, a sociedade está mais intelectualizada ou apenas mais “antenada”?



BEN BARUCH

Certamente mais "antenada". Com a globalização e as facilidades da Internet as pessoas acabam tendo um conhecimento fragmentado de quase tudo. Conhecem o macro, mas poucos têm condições de estabelecer um diálogo sobre o micro, sobre os detalhes. Vivemos em meio à geração do "cola-copia". Um dia depois de feita uma pesquisa, o "pesquisador" não consegue simplesmente explicar sobre o que "pesquisou". Lamentável, mas real!


TEREZA RECHE

Em que está trabalhando atualmente (livros)?



BEN BARUCH

No livro "Universo de nós dois". Este romance inicia-se no final do século XIX com repercussões nos dias atuais. Ele complementa o romance poético "Uma História de Amor". Narra a origem do amor entre Felipe e Camila e todas as consequências que este amor gerou em meio a uma França preconceituosa e antisemita.


TEREZA RECHE

De suas obras, qual sente maior apreço e qual sua sinopse resumida?



BEN BARUCH

Gostaria de citar duas porque representam fases distintas. 



"Uma História de Amor" – conta a história de amor entre Felipe e Camila. Foi meu primeiro romance, meu primeiro livro de cunho não espiritualista. Escrito em forma de poesias, contém um texto introdutório antes de cada poema fazendo com que o leitor entenda como Felipe se sentia e os motivos o levaram a escrevê-lo para Camila, aquela que ele considera sua alma gêmea. Narra a história de um homem apaixonado que reencontra um grande amor que ele julgava perdido no tempo e no espaço físico. Conta em ordem cronológica os acontecimentos que se seguiram e de como se entregaram de corpo e alma na tentativa de recuperarem o tempo em que ficaram separados. 

"Na Dimensão do Espírito" – Durante anos administrei blogs que obtiveram sucesso junto a diversos grupos, fossem eles religiosos ou não. Talvez por este motivo eu tenha preferido revisá-lo e publicá-lo em primeiro lugar. Na Dimensão do Espírito contém algumas das reflexões postadas nestes espaços. Trata-se de um livro espiritualista que tem por objetivo integrar Corpo, Alma e Espírito na construção de um mundo melhor. Divide-se em três partes: Conhecendo-se a si mesmo, Conhecendo a D'us e Relacionamentos humanos. Ao saber quem somos e para que fomos criados, aprenderemos a nos relacionar com o nosso próximo sem conflitos ou julgamentos e compreenderemos que o amor é o ponto de equilíbrio e de ligação entre todos os seres criados. 


TEREZA RECHE

Quais seus planos para 2016 em relação a sua vida literária?



BEN BARUCH

Tentar organizar meu tempo disponível para escrever. Atualmente está muito reduzido em razão da minha atividade profissional. 



Publicar o livro "Universo de nós dois", revisar títulos que estavam guardados há algum tempo e disponibilizar ao menos um deles ainda este ano.


TEREZA RECHE
Deixe sua mensagem aos leitores e colegas de profissão. 


BEN BARUCH


Queridos leitores, vivemos dias difíceis, onde a verdade parece ser produto de ficção e a corrupção e a inversão de valores parecem ser os critérios que devem moldar esta e as proximas gerações, mas isso, de forma alguma deve nos impedir de dizer a verdade e de promover o amor e a cooperação entre os homens. Custe o que custar, seja alguém compromissado com a verdade, mesmo que tenha que remar contra a maré permaneça fiel à sua consciência. Um mundo melhor, mais unido, feliz e solidário começa em nós! 



Colegas, particularmente sempre preferi escrever sobre aquilo em que acredito, procurando deixar uma mensagem de otimismo e confiança em meus leitores, Não importa o gênero escolhido, o importante é saber que somos responsáveis pelo que compartilhamos com nossos leitores. Um texto bem elaborado pode transformar vidas, alterar situações adversas e resgatar a alegria e a dignidade onde muitas vezes havia apenas tristeza e desilusão. Pensemos nisso todas as vezes em que iniciarmos um novo trabalho. Boa sorte a todos. 

À você, querida amiga Tereza Reche, gostaria de agradecer por esta oportunidade e desejar-lhe todo o sucesso e o reconhecimento que você merece por seu talento e simpatia. Muito obrigado!


TEREZA RECHE
Eu quem agradeço imensamente pela sua colaboração com a Coluna. 




























Caro Ben Baruch, foi um prazer ter sua participação no Blog Por Tereza Reche.


Escritora Tereza Reche