quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016




- ENTREVISTA COM AUTORES IV- 




 POR TEREZA RECHE


Cezar Carneiro 



A quarta entrevista dessa coluna será com o escritor Cezar Carneiro (Luiz Cezar Carneiro Rodrigues), nascido em 09 de outubro de 1969, é natural de Aurora-CE. É historiador e se dedica a estudos de cosmologia e metafísica. Publicou seu primeiro livro em 2008. Com 7 livros publicados, tem alguns projetos em andamento na área educacional e romances no gênero ficção científica, policial, comédia e drama. Desenvolve exposições sobre temas abordados em suas obras no estado do Ceará.


TEREZA RECHE
Como e quando o sr(a) iniciou sua carreira, e o que o levou a isso? 

CEZAR CARNEIRO
Comecei em 2008, quando publiquei HISTÓRIA DESSA E DE OUTRAS VIDAS, um livro de contos, abordando dramas do cotidiano na visão espírita (reencarnacionista), tema que me desperta interesse e sobre o qual já publiquei outros trabalhos. A inspiração foi meu pai, falecido naquele ano em decorrência de um transplante mal sucedido. Transplantes de órgãos acabou sendo o tema do meu segundo trabalho, o romance ALÉM DA VIDA E DA MORTE, publicado em 2009. 

TEREZA RECHE
Cite suas obras e onde encontrá-las por gentileza. 

CEZAR CARNEIRO
Os Parasitas - Romance - Arte Visual - 2015 

A Estação - Romance - Editora Eme - 2015 

63 Dias - Romance - Uno Editora - 2014 

O Resgate de Camilo - Romance - Editora Eme - 2012 

Adolescência - A Grande Transição - Paradidático - Arte Visual - 2011 

Além da Vida e da Morte - Romance - Arte Visual - 2009 

Histórias Dessa e de Outras Vidas - Contos - Arte Visual - 2008. 

Todos podem se adquiridos nos seguintes links: 




Preços e fretes: 



TEREZA RECHE
Você acha que a figura do “leitor” continua em segundo plano nas reflexões literárias? 

CEZAR CARNEIRO
Acredito que o público brasileiro é ainda é muito tímido (pequeno), e por isso pouco exigente. A leitura não faz parte da nossa cultura. Somos um povo que lê pouco, e por isso sabemos pouco, como prova a situação atual do país em seu contexto político, econômico e social. Está na hora de refletirmos, como autores, sobre trabalhos que possam conquistar os leitores com conteúdos para além da fantasia. 

TEREZA RECHE
A Literatura há alguns anos, vem tomando novo corpo, a tecnologia propiciou isso. Publicações virtuais, facilidade em se auto publicar, dentre outras vias. Ao seu ver, como escritor da atualidade, esse cenário é de fato benéfico à Literatura, ou precisamos rever nossos conceitos? 

CEZAR CARNEIRO
Vejo com bons olhos. Embora essa nova realidade viabilize a quantidade em detrimento da qualidade. Mas ainda entendo que dá para “garimpar” muita coisa boa de autores que, sem essas facilidades, jamais seriam reconhecidos. 

TEREZA RECHE
Qual o papel do escritor, em relação a disseminação e consequente transformação mental, intelectual e filosófica dos leitores como sociedade? 

CEZAR CARNEIRO
O escritor é um disseminador de conhecimentos. Publicar aquilo que pensa, o transforma em um agente multiplicador do conhecimento. 


TEREZA RECHE
Qual a sua leitura de ficção brasileira hoje? É possível traçar vertentes e características? 

CEZAR CARNEIRO
Leio apenas clássicos e romances espiritualistas. A ficção científica, por exemplo, é ainda muito pouco contemplada pelos autores nacionais. Eu mesmo publiquei uma em 2014 (63 DIAS, em português e em inglês), porque é um gênero com o qual me identifico, e há mercado para esse gênero. 

TEREZA RECHE
Escrita ou Vendas? Partindo do seu ponto de vista, qual desses substantivos femininos melhor se encaixaria no cenário literário atual? E por que? 

CEZAR CARNEIRO
A Escrita. O autor deve saber que os direitos autorais são irrisórios, e que só poderá viver da escrita, se conseguir grande aceitação com tiragens acima de 50 mil exemplares por título, o que é muito raro acontecer. As Vendas só beneficiam as Editora. Infelizmente. 

TEREZA RECHE
Qual escritor admira? E qual escrita aguça sua curiosidade literária? 

CEZAR CARNEIRO
Gosto de autores cuja obra se assemelhe às divulgadas pelo cinema. Assim, o romance é o tipo de leitura que me agrada, e a que mais gosto de produzir. Stephen King é o meu preferido.



TEREZA RECHE
Como você avaliaria a literatura que se encontra no ranking dos melhores e mais vendidos? Existe obrigatoriamente que se seguir critérios para a criação literária? Justifique-se. 

CEZAR CARNEIRO
Atualmente, o que conta mesmo é marketing. Livros como 50 Tons de Cinza e A Cabana, emplacaram apenas porque foram investidos milhares de dólares em campanhas publicitárias. Seus conteúdos, entretanto, não apresentam nada de extraordinário. 

TEREZA RECHE
Que problemática você destacaria na prática da difusão cultural no país? Como poderíamos resolver, senão amenizar tal situação? 

CEZAR CARNEIRO
Temos um Ministério da Cultura de faz de contas. Criaram a Lei Rouanet para estimular produções culturais que não possam se bancar, mas os recursos são aplicados em artistas famosos, cuja obra já conhecida e tem arrecadação própria para divulgação. Enquanto isso, os artistas desconhecidos não conseguem acesso a esse crédito, e assim, a cultura só perde. Para amenizar o problema, é preciso justiça na distribuição dos recursos de estímulo à cultura. 

TEREZA RECHE
Como profissional literata, ao criar um novo livro, você exerce a escrita racional ou permite que a inspiração flua de maneira livre? 

CEZAR CARNEIRO
Defino-me como um autor misto nesse aspecto. Gosto de incluir discussões relevantes em meus trabalhos. Gosto de contextualizar. Mesmo quando escrevo uma ficção, gosto de inserir debates sobre problemas atuais, geralmente polêmicos. 

TEREZA RECHE
O que você, na pele de leitor, jamais leria? 

CEZAR CARNEIRO
Livros de autoajuda. 

TEREZA RECHE
Escritor incondicionalmente o sendo por amor. Existe? 

CEZAR CARNEIRO
Existe. No seguimento espírita por exemplo, é prática comum doar os direitos para obras assistenciais, e instituições de caridade. A única exceção que tenho conhecimento, é a família Gasparetto. 

TEREZA RECHE
Por que na sua opinião, certos gêneros, por mais interessantes que pareçam ser, não vendem no mercado atual literário? Qual a estratégia, se é que existe, a ser posta em prática para que este obstáculo seja vencido? 

CEZAR CARNEIRO
Acredito que alguns gêneros têm pouca aceitação por exigirem algo que nossa educação não tem proporcionado: interpretação de texto. Assim, a poesia, por exemplo, tem seu público atingido em cheio por essa deficiência, e isso emperra as vendas com certeza. 

TEREZA RECHE
Cultura e Intelectualidade caminham de mãos dadas, entretanto não são homogêneas... Afinal, a sociedade está mais intelectualizada ou apenas mais “antenada”? 

CEZAR CARNEIRO
Apenas antenada. Diria que na ausência da educação de qualidade, os dias atuais tem oferecido informação, por conta das facilidades de conexão ao mundo virtual. 

TEREZA RECHE
Em que está trabalhando atualmente (livros)? 

CEZAR CARNEIRO
Desenvolvo um projeto na área de educação, para o público juvenil; um trabalho sobre a cultura popular da minha terra natal, Aurora, CE; e um romance policial. Todos ainda sem títulos definidos. 

TEREZA RECHE
De suas obras, qual sente maior apreço e qual sua sinopse resumida? 

CEZAR CARNEIRO
OS PARASITAS. Trata de dois personagens que representam o povo brasileiro. Um deles _ Leonardo _ tenta mudar a realidade através da política, como Deputado Federal. Outro, _ Jardel _ um professor universitário tenta compreender a realidade, através da educação. Ambos descobrirão que a realidade é manipulada, e que mudá-la será uma tarefa praticamente impossível, porque para isso, seria preciso romper as barreiras plantadas pelo Sistema. E ele é cruel, corrupto e desumano. É um drama perturbador e muito realista. 

TEREZA RECHE
É complexo discutir política hoje no Brasil, entretanto é nítido que ser escritor hoje, e não me refiro aos últimos poucos anos, cito décadas e décadas atrás, é extremamente dificultoso. Porém, devido à crise intensa em que vivemos, e o foco dos auxílios do atual governo não ser os profissionais escritores, como você analisaria do seu ponto de vista, o futuro das Editoras, dos escritores iniciantes e por fim dos livros físicos? 

CEZAR CARNEIRO
Os livros físicos ainda são os preferidos, ainda que o mercado invista pesado nos livros virtuais. Nada substitui o prazer de folhear o livro físico. Editoras, autores e livros, perseverarão por muito tempo, ainda com toda a deliberada má vontade exercida pelo Governo. 

TEREZA RECHE
Quais seus planos para 2016 em relação a sua vida literária? 

CEZAR CARNEIRO
Aguardo a aprovação do meu 8º livro, o romance O ENIGMA DO FALCÃO, a ser lançado pela Editora Eme (SP) pela qual tenho dois romances publicados: O RESGATE DE CAMILO (2012), e A ESTAÇÃO (2015). 

TEREZA RECHE
Deixe sua mensagem aos leitores e colegas de profissão. 

CEZAR CARNEIRO
Aos meus colegas, desejo perseverança, foco, e muita atitude para que possam romper as dificuldades que impedem a publicação de obras literárias no país. Os poderosos não gostam de escritores, porque eles fazem o povo acordar. 

Aos leitores, toda a minha gratidão, pois sem eles, não haveria necessidade de escritores. 

A você, cara Tereza Reche, que é escritora e leitora, minha gratidão pela oportunidade de mostrar o meu trabalho e de representar nossa amada classe que tanto contribui para a formação do pensamento e do futuro deste imenso país. 

A todos, um grande abraço.
Luiz Cezar Carneiro Rodrigues 

                                                               Fortaleza, CE – 24/02/2016.

TEREZA RECHE
Eu quem o agradeço por ser, junto à mim e outros milhares de escritores, uma nação de novos horizontes. 

Caro Luiz Cezar Carneiro, foi um prazer ter sua participação no Blog Por Tereza Reche.