segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016





- ENTREVISTA COM AUTORES VII -
POR TEREZA RECHE



Ademar Martins Ferreira


A sétima entrevista na Coluna Entrevista com Autores é com Adhemar, Cientista político formado pela Unicamp, onde fez pós graduação em Jornalismo Científico. Editor do site www.novomomento.com.br e a ‘analista do cotidiano’ desde 2006.


ENTREVISTA

TEREZA RECHE
Como e quando o sr(a) iniciou sua carreira, e o que o levou a isso?

ADHEMAR
O pensamento sempre aflige e nos atinge. O que fazemos com ele é o que nos torna escritores, analistas ou meros ‘conversadores de boteco’. 

TEREZA RECHE
Cite suas obras e onde encontrá-las por gentileza.

ADHEMAR
Todos os pensamentos estão no novomomento.com.br. Ainda não formulei uma linha dos pensamentos para publicação. 

TEREZA RECHE
Você acha que a figura do “leitor” continua em segundo plano nas reflexões literárias? 

ADHEMAR
Não. O leitor tem papel fundamental, porque ele é o cidadão, o consumidor, o ator e sobre ele (como indivíduo) ou em grupo (sociedade) são feitas as reflexões da literatura. 

TEREZA RECHE
A Literatura há alguns anos, vem tomando novo corpo, a tecnologia propiciou isso. Publicações virtuais, facilidade em se auto publicar, dentre outras vias. Ao seu ver, como escritor da atualidade, esse cenário é de fato benéfico à Literatura, ou precisamos rever nossos conceitos?

ADHEMAR
Considero sim positiva a tecnologia, porque permite que todos sejam publicados. Quem tiver qualidade vai sobreviver ou se destacar. 

TEREZA RECHE
Qual o papel do escritor, em relação a disseminação e consequente transformação mental, intelectual e filosófica dos leitores como sociedade? 

ADHEMAR
Não necessariamente seja papel do escritor estar na vanguarda do pensamento, mas muito da boa literatura tem influenciado e apontado problemas graves da sociedade ocidental. 

TEREZA RECHE
Qual a sua leitura de ficção brasileira hoje? É possível traçar vertentes e características?

ADHEMAR
Hoje boa parte da ficção é feita bastante ligada à produção para a TV e o teatro. Minha impressão é que o realismo fantástico é bastante presente na literatura brasileira contemporânea. 

TEREZA RECHE
Escrita ou Vendas? Partindo do seu ponto de vista, qual desses substantivos femininos melhor se encaixaria no cenário literário atual? E por que?

ADHEMAR
Escrita. Em grande volume. As vendas devem se adaptar ao longo dos próximos anos para fazer valer quem tem qualidade ou tem como foco viver de literatura.

TEREZA RECHE
Qual escritor admira? E qual escrita aguça sua curiosidade literária? 

ADHEMAR
Difícil falar um. Mas dois eu destaco. Saramago e Dostoievski. Formam a base da minha visão de mundo. Franceses, ingleses e russos do século XIX (Dostoievski, Tolstoi, Maxim Gorki e vários outros). Alemães e americanos do começo do século XX (Mann, Fitzgerald, Hemingway) e portugueses e espanhóis do final do século XX. Japoneses pop da virada do século também soam muito interessantes.

TEREZA RECHE 
Como você avaliaria a literatura que se encontra no ranking dos melhores e mais vendidos? Existe obrigatoriamente que se seguir critérios para a criação literária? Justifique-se. 

ADHEMAR
Vivemos a ‘aldeia global’ e a literatura e o cinema adolescente dominam as vendas. Talvez nas próximas décadas haja uma mudança para que o tipo de literatura fique mais adulto (menos zumbis, vampiros, lobos). Os critérios são necessários, mesmo na criação mais fantástica. O leitor precisa ter um mínimo de informação para entender o que pretende o texto. 

TEREZA RECHE
Que problemática você destacaria na prática da difusão cultural no país? Como poderíamos resolver, senão amenizar tal situação?

ADHEMAR
O problema fundamental do país é a educação. Ainda dependemos muito dos serviços públicos para a cultura. Apesar de o país ter avançado no consumo geral, falta a direção para o consumo de cultura. Mas este vai crescer com o maior acesso à educação. 

TEREZA RECHE
Como profissional literata, ao criar um novo livro, você exerce a escrita racional ou permite que a inspiração flua de maneira livre?

ADHEMAR
A escrita racional é o norte de todo escritor que almeje atingir o grande público. Mas se não houver a fantasia (inspiração) fica muito difícil criar algo novo e atraente.

TEREZA RECHE
O que você, na pele de leitor, jamais leria?

ADHEMAR
Auto-ajuda

TEREZA RECHE
Escritor incondicionalmente o sendo por amor. Existe?

ADHEMAR
Desde que tenha um meio outro de vida, sim. Mas profissionalmente falando, somente depois da estabilidade financeira. 

TEREZA RECHE
Por que na sua opinião, certos gêneros, por mais interessantes que pareçam ser, não vendem no mercado atual literário? Qual a estratégia, se é que existe, a ser posta em prática para que este obstáculo seja vencido? 

ADHEMAR
Isso depende do mercado. O escritor precisa dialogar com a sociedade. Quem diria que vampiros e zumbis fariam mais sucesso hoje que a literatura tradicional, ou que mitologia grega, por exemplo. A estratégia fundamental é trabalhar com qualidade. Seja falando de tupi, mitologia africana ou qualquer outro tema. Ler, antes de escrever.

TEREZA RECHE
Cultura e Intelectualidade caminham de mãos dadas, entretanto não são homogêneas... Afinal, a sociedade está mais intelectualizada ou apenas mais “antenada”?

ADHEMAR
Mais antenada, claro. Se isso vai nos levar a um avanço para a intelectualidade, depende do tempo e do interesse coletivo. O perfil de intelectual também varia com o tempo. Quem sabe não tenhamos um futuro em que conhecer cultura pop seja o supra sumo da intelectualidade? 

TEREZA RECHE
Em que está trabalhando atualmente (livros)?

ADHEMAR
Tenho a ideia de escrever um romance que trate da urbanização recente do Brasil (de 1970 a 2000). Uma história que envolva o reconhecimento do indivíduo na cidade grande. O pertencimento, o caipira no mundo urbano e interligado.

TEREZA RECHE
De suas obras, qual sente maior apreço e qual sua sinopse resumida?

ADHEMAR
Ainda no prelo.

TEREZA RECHE
É complexo discutir política hoje no Brasil, entretanto é nítido que ser escritor hoje, e não me refiro aos últimos poucos anos, cito décadas e décadas atrás, é extremamente dificultoso. Porém, devido à crise intensa em que vivemos, e o foco dos auxílios do atual governo não ser os profissionais escritores, como você analisaria do seu ponto de vista, o futuro das Editoras, dos escritores iniciantes e por fim dos livros físicos? 

ADHEMAR
O futuro está nos livros eletrônicos e na associação com a produção para TV e Teatro. As editoras tendem a se associar a empresas de telefonia para ampliar as vendas. Existem gostos os mais diversos para serem contemplados e textos para satisfazer essa demanda.

TEREZA RECHE
Quais seus planos para 2016 em relação a sua vida literária?

ADHEMAR
Ler, antes de escrever. E escrever pequenos contos.

TEREZA RECHE
Deixe sua mensagem aos leitores e colegas de profissão. 

ADHEMAR
O futuro está nas nossas mãos e vamos ser capazes de mudar a sociedade quando mais entendermos dela. Leia de tudo e escreva impressões do que leu e de coisas que observa no dia-dia.