quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016







- ENTREVISTA COM AUTORES II - 

POR TEREZA RECHE

Nome: Pedroom Lanne



A segunda entrevista dessa coluna, será com o escritor Pedroom Lanne. Segundo o próprio escritor, sua vida é um site sem senha de acesso, todos os detalhes de sua carreira desde a época da faculdade quando cursou Comunicação Social com habilitação em Produção Editorial, de sua carreira profissional como webwriter e professor universitário até chegar a atualidade em que se tornou escritor, se encontram em seu Weblog no endereço:

http://www.pedroom.com.br/portal/weblog/index.htm



Entrevista

Tereza Reche: 
Como e quando o sr(a) iniciou sua carreira, e o que o levou a isso?


Pedroom Lanne:
Desde a época da escola eu nutri o desejo de escrever, na sexta série cheguei a iniciar a escrita de um livro à mão (não sabia datilografar e sequer existia computador na ocasião), entretanto, não cheguei a completar esse primeiro esboço literário. Depois, a vida e a necessidade de trabalhar me levou para outros caminhos, em duas outras oportunidades novamente iniciei a escrita de um livro, mas larguei no meio do caminho, somente quando fiz meu curso de mestrado (em Comunicação) é que perdi o medo de escrever e voltei a nutrir o desejo de ser escritor. Em 2012, finalmente decidi iniciar um período sabático para me dedicar 100% a escrever, assim, em 2013 escrevi e completei meu primeiro livro “Adução, o Dossiê Alienígena”, publicado em 2015 pela editora Talentos da Literatura Brasileira.

Tereza Reche:

Cite suas obras e onde encontrá-las por gentileza.

Pedroom Lanne:
Bom, eu tenho o livro impresso “Adução, o Dossiê Alienígena” cuja melhor oferta para o leitor é pelo site da AMAZON. O leitor que desejar adquirir um exemplar autografado diretamente comigo pode fazê-lo através do MERCADO LIVRE. Existe também a versão em ebook que é divida em três partes: “Adução – Início: Dossiê de um Transmutado Alienígena”; “Adução – Parte II: O Estranho Universo Quântico” e “Adução – Final: A Guerra da Inteligência Artificial”, à venda pelo KINDLE (melhor oferta), KOBOBOOKS e Clube de Autores.



Vem aí a continuação da obra “Adução”, intitulada “Abdução, Relatório da Terceira Órbita” cuja primeira parte em breve estará disponível em ebook pelas plataformas supracitadas.






Tereza Reche:
A Literatura há alguns anos, vem tomando novo corpo, a tecnologia propiciou isso. Publicações virtuais, facilidade em se auto publicar, dentre outras vias. Ao seu ver, como escritor da atualidade, esse cenário é de fato benéfico à Literatura?

Pedroom Lanne:
Independentemente de ser benéfico ou não, nós escritores (e os publishers também) precisamos rever conceitos, pois me parece que a nova formatação do mercado editorial é irreversível, todos precisam se adaptar, tanto o escritor na busca de público leitor, quanto os editores que não quiserem se ver fora ou à margem do mercado. No caso do escritor, ele precisa estar antenado com a onda digital e buscar os espaços que lhe trarão os melhores benefícios. Eu pessoalmente acho benéfico, pois hoje ninguém pode dizer que não conseguiu publicar seu livro por falta de espaço. Talvez, o lado ruim para o escritor, seja ser lido em meio a babel de publicações que cresce incessantemente, mas, creio, sempre haverá espaço para todos, a qualidade deve prevalecer e, para a mediocridade, também há o leitor mediado o qual se pode atingir através da rede, basta que se encontre os caminhos certos para cada público.


Tereza Reche:  
Qual o papel do escritor, em relação a disseminação e consequente transformação mental, intelectual e filosófica dos leitores como sociedade? 

Pedroom Lanne:
Eu acho de extrema importância, mas, como escritor, aquele que por ventura ler esta declaração poderá pensar que estou puxando a sardinha para o meu lado. Fato é que durante toda minha vida como estudante desde o primário até o mestrado, a literatura sempre foi um objeto utilizado pelos professores como meio de reflexão e transformação mental, e se hoje sou escritor, isso se dá também graças a todas essas reflexões, debates em sala de aula e as obras que li. Tanto que em minha obra, o título “Adução”, não se trata de uma mera aventura de ficção-científica, se um dia aprendi através das palavras de outros escritores, quero que meus possíveis leitores aprendam também, por isso, utilizo o foco de uma inteligência superior a nossa para trazer uma série de filosofias e reflexões sobre a sociedade terrena contemporânea. Se não bastasse, como professor, ainda elaborei um questionário anexo ao livro para estimular o pensamento crítico do leitor (e como promoção que concorre a um exemplar do meu próximo livro).

Tereza Reche: Escrita ou Vendas? Partindo do seu ponto de vista, qual desses substantivos femininos melhor se encaixaria no cenário literário atual? E por que?

Pedroom Lanne:
Para quem escreve, escrita. Para quem vende, vendas. Pensando na questão anterior que comentei sobre o cenário atual, para quem escreve está bom, pois não faltam facilitadores para escrever e espaços, sobretudo nas novas mídias, para o autor publicar e divulgar seus textos. Já para quem vende, a observação do cenário se dá no único sentido de lucrar em cima de quem quer publicar. Uma coisa é um sítio virtual que cobra comissão sobre a venda do autor, outra, ruim, a meu ver, são editoras que enxergam nas novas mídias um meio de repassar o ônus de uma publicação inteiramente para o autor enquanto o prende em um contrato e lucra com o bônus que cabe ao próprio autor levantar. São aqueles famosos links “publique seu livro” nos quais as editoras “pedem” para o autor comprar uma quota da tiragem inicial do livro, uma vez pago esse valor, a editora está livre de ônus, a partir daí, cabe ao autor correr atrás de seu leitor e o bônus das vendas do livro ficam com a editora – sendo que muitas nada agregam ao livro a não ser enviá-lo para gráfica. Eu espero que após o boom desse tipo de auto publicação prevaleçam as editoras que prestem um bom atendimento, uma boa parceria e divulgação junto ao autor, pois o que tenho testemunhado de muitos escritores são editoras cobrando por publicações e prestando um péssimo serviço desde a preparação da obra até a sua publicação e divulgação. Eu mesmo vivi um problema com uma editora que trabalha dentro dessa lógica, a qual tive gastos advocatícios para desfazer um contrato quando me deparei com um editor mal educado, arrogante e que deixou claro nas entrelinhas que o trabalho da editora não contemplaria o que havíamos acordado antes do contrato ser assinado.

Tereza Reche: 
Qual escritor admira? E qual escrita aguça sua curiosidade literária?

Pedroom Lanne:
Os escritores que mais admiro são Anthony Burgess, autor de Laranja Mecânica, e George Orwell, autor de 1984. Entre os escritores brasileiros, o meu preferido é Érico Veríssimo. Também admiro muito e gosto do escritor luso Eça de Queiróz. Já o meu escritor número um, pelo qual iniciei minha jornada no mundo da leitura ainda na pré-adolescência e quem me despertou a paixão pela literatura é Edgar Allan Poe. Atualmente, o tema que mais tem me aguçado curiosidade é o mesmo da obra que escrevi, ou seja, ficção-científica, sobretudo a leitura de grandes clássicos que ainda não tive oportunidade de ler, tais como Isaac Asimov, H. G. Wells e H. P. Lovecraft.

Tereza Reche: 
Como você avaliaria a literatura que se encontra no ranking dos melhores e mais vendidos?

Pedroom Lanne:
Mediana. Pois geralmente é assim, best-seller é o livro que agrada mais leitores pelo simples fato de se tratar de um texto de leitura mediana, dessa forma, mais digerível pela maior parte do público, entretanto, sem a profundidade dos grandes clássicos. Quanto aos critérios, para se escrever um best-seller, sim. Mas se tomarmos a literatura como arte, não. Um dos vieses para se compreender a arte é perceber que a mesma evolui, justamente, pela quebra de padrões estéticos e o abandono de critérios padronizados. Eu mesmo tentei quebrar alguns padrões literários em meu livro, busquei trazer alguns elementos da nova linguagem cibernética para compor elementos da narrativa, o que não sei se está sendo bem aceito por alguns leitores e, tenho certeza, foi motivo de recusa por parte de alguns editores. Em termos de critério, uma vez me perguntaram a respeito em relação ao meu livro, no caso, conforme respondi, este foi a intuição. Para mim, o mais importante na concepção de um romance é isso, a intuição e a criatividade (como regra, eu entendo que esta se traduz pela gramática da própria língua). Porém, há um limite, que está na coerência da narrativa como um todo. Mantendo a coerência da narrativa de forma que ela tenha um sentido e um significado, não há limites para a criatividade nem para o intuitivo.

Tereza Reche: 
O que você, na pele de leitor, jamais leria?

Pedroom Lanne:
Livros de autoajuda. Prefiro amadurecer minha loucura ao invés de reformatar minha psique segundo os padrões esperados pela sociedade, nem que para isso termine meus dias em um sanatório e sem um tostão no bolso.

Tereza Reche: 
Cultura e Intelectualidade caminham de mãos dadas, entretanto não são homogêneas... Afinal, a sociedade está mais intelectualizada ou apenas mais “antenada”?


Pedroom Lanne:
Mais antenada. Vejo que muitos jovens hoje dispõem de informações e demonstram sacadas que nós da era pré-Internet demorávamos anos para sacar ou tínhamos que percorrer obscuros bastidores para ficar sabendo. Entretanto, isso não é sinônimo de intelectualidade, dado que esta só vem ao lado da maturidade. Sempre, na história humana, o grande papel dos mais velhos é repassar sua sabedoria e sua experiência acumulada para os mais jovens, e não creio que a massificação dos meios irá mudar isso. As novas mídias facilitam o acesso ao conhecimento, mas, por si só, não garantem que ele será corretamente compreendido, pois isso depende da dedicação de quem está na outra ponta da linha, do desenvolvimento de algo que se pode ilustrar através da palavras bom senso e pensamento crítico. E outra, todas essas facilidades conferem uma grande evolução no acesso ao conhecimento, de modo que não basta ao jovem atual ser tão intelectualizado como as gerações anteriores, eles precisam ser melhores, precisam ir além, pois deles dependerá o futuro da humanidade. Se o jovem atual está preparado para criar um mundo melhor é impossível, ao menos para mim, afirmar. Todavia, há de se dizer que, com a ascensão das novas mídias, ao menos está municiado para tal. No que tudo isso vai dar, somente quem viver, verá.

Tereza Reche: 
Quais seus planos para 2016 em relação a sua vida literária?

Pedroom Lanne:
Completar a escrita de meu segundo livro “Abdução, Relatório da Terceira Órbita”, no qual pretendo ir mais fundo das reflexões iniciadas no título “Adução”, e que promete algum tipo de polêmica entre possíveis leitores da obra, pois deixei para esse segundo volume as reflexões sobre os temais delicados hoje em voga em nossa sociedade.




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