domingo, 28 de fevereiro de 2016



- ENTREVISTA COM AUTORES VI -

POR TEREZA RECHE

Diego de Toledo Lima da Silva



A sexta entrevista com autores, é com o Técnico Ambiental formado pelo Colégio Rio Branco, Bragança Paulista/SP, redator da "Revista Eletrônica Bragantina online".
Formou-se em Engenharia Ambiental pelo Instituto Superior de Ciências Aplicadas, de Limeira/SP. É servidor público estadual, andarilho e cronista, amante da história e da literatura, dedica-se ao “mundo das crônicas” há três anos. Foi vencedor do 1º Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica, com o texto “Viagem memorial”, e 3º colocado no 2º Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica, com o texto “A carta do embornal”.

TEREZA RECHE 
Como e quando o sr(a) iniciou sua carreira, e o que o levou a isso?

DIEGO DE TOLEDO
Trabalhava com educação e conscientização ambiental, sendo que em determinado momento notei que não conseguia alcançar mais pessoas, ampliar sua sensibilidade ambiental. Por meio dos textos de meu amigo Susumu Yamaguchi, iniciei a escrita de crônicas e a narrativa de minhas caminhadas.

TEREZA RECHE 
Cite suas obras e onde encontrá-las por gentileza.

DIEGO DE TOLEDO
Boa parte de minhas obras estão publicadas na internet, como os artigos publicados na Revista Bragantina On Line e no Caderno Rural do Jornal Piracaia Hoje, além do próprio Scribd. Tenho um livro publicado pelo Clube de Autores, com o título “Crônicas Mantiqueiras”, que pode ser adquirido pelo link: http://www.clubedeautores.com.br/book/168255--Cronicas_Mantiqueiras. Este livro gerou um projeto/site com o mesmo título, que pode ser acessado pelo link: https://sites.google.com/site/cronicasmantiqueiras. Meus trabalhos também podem ser acessados pelo Facebook: https://www.facebook.com/diego.detoledo.7 e pelo Google+: https://plus.google.com/u/0/+DiegodeToledo

TEREZA RECHE 
Você acha que a figura do “leitor” continua em segundo plano nas reflexões literárias? 

DIEGO DE TOLEDO
Acredito que isso depende do estilo literário e do próprio autor. Sempre que escrevemos algo escrevemos para alguém, mesmo que muitas vezes as produções sejam sobre nossas próprias histórias, anseios, pensamentos e sentimentos. Escrevendo com o coração atingimos o leitor em seu próprio interior, mais cedo ou mais tarde. As palavras são eternas, os escritores passageiros.

TEREZA RECHE 
A Literatura há alguns anos, vem tomando novo corpo, a tecnologia propiciou isso. Publicações virtuais, facilidade em se auto publicar, dentre outras vias. Ao seu ver, como escritor da atualidade, esse cenário é de fato benéfico à Literatura, ou precisamos rever nossos conceitos?

DIEGO DE TOLEDO
É muito benéfico, mas exige bastante adaptação do escritor. A base da produção dos cronistas amadores (como eu) continua sendo uma folha de papel em branco e uma caneta. Posteriormente, o texto é passado para o computador e para as várias mídias virtuais/sociais. Falo pela minha experiência com meu primeiro livro, que a comercialização de obras auto publicáveis é bastante complicada, principalmente para quem exerce uma atividade profissional. Mas a internet e as mídias sociais propiciam agilidade na disseminação de nossas palavras. Assim, dependendo do ponto de vista, existem pontos ruins e bons.


TEREZA RECHE
Qual o papel do escritor, em relação a disseminação e consequente transformação mental, intelectual e filosófica dos leitores como sociedade? 

DIEGO DE TOLEDO
É um papel excitante e ao mesmo tempo de grande responsabilidade. Mesmo que muitas vezes não conseguimos a tal “transformação”, mas proporcionamos reflexão para diversos fatores, como: natureza, história, gente e o próprio tempo. Já consegui emocionar algumas pessoas, consegui que outras percorressem os mesmos caminhos que percorri... Isso é uma coisa fantástica! Somos uma metamorfose ambulante neste mundo louco e, infelizmente, ainda cheio de guerras!

TEREZA RECHE
Qual a sua leitura de ficção brasileira hoje? É possível traçar vertentes e características?

DIEGO DE TOLEDO
Confesso que não leio livros de ficção. Com base nas minhas leituras, vejo muitas coisas reais misturadas com ficção, com sonhos e com pensamentos. Isso é algo maravilhoso, imagine você lendo um texto no qual a realidade e a ficção não possam ser separadas. É uma viagem psicodélica (risos!). 

TEREZA RECHE
Escrita ou Vendas? Partindo do seu ponto de vista, qual desses substantivos femininos melhor se encaixaria no cenário literário atual? E por que?

DIEGO DE TOLEDO
Pergunta difícil hein...? Na minha opinião, vendas. Mas acredito friamente na escrita, pois temos milhares de autores que não são ricos, muito menos escritores profissionais. Somos amadores e isso não é vergonha pra ninguém, pois amador ama o que faz, dedica-se mesmo sem receber financeiramente (muitas vezes) para àquilo.

TEREZA RECHE
Qual escritor admira? E qual escrita aguça sua curiosidade literária?

DIEGO DE TOLEDO
O grande Rubem Alves, Vinicius de Moraes, Graciliano Ramos, Teodoro Sampaio, Euclides da Cunha, meu falecido amigo, escritor e historiador Amilcar Barletta, além de meu grande camarada, do alto da Serra da Mantiqueira, Susumu Yamaguchi. Quant à escrita, prefiro crônicas e relatos, acho fantástico.


TEREZA RECHE
Que problemática você destacaria na prática da difusão cultural no país? Como poderíamos resolver, senão amenizar tal situação?

DIEGO DE TOLEDO
Esta é uma questão complicada e ainda sem solução. Arrisco dizer que daqui 15 anos estaremos falando da mesma questão. Na minha opinião, a escola é a base de tudo, de toda mudança. Mas qual é o alcance de nossos textos no ambiente escolar? Somos tantos pequenos autores espalhados pelos vários cantos do país, imaginem a capacidade de difusão cultural e disseminação de boas coisas pelas escolas do país, seria uma questão de abrir espaço e de possibilidade no próprio plano curricular.

TEREZA RECHE
Como profissional literata, ao criar um novo livro, você exerce a escrita racional ou permite que a inspiração flua de maneira livre?

DIEGO DE TOLEDO
No meu processo de criação não existe escrita racional, sistemática. É tudo inspiração, movimento que flui da alma, do espírito, com toda liberdade que merece. É algo fantástico...

TEREZA RECHE
O que você, na pele de leitor, jamais leria?

DIEGO DE TOLEDO
Palavras mentirosas, histórias falsas e não vividas.

TEREZA RECHE
Escritor incondicionalmente o sendo por amor. Existe?

DIEGO DE TOLEDO
Existe, pessoalmente conheço uma meia dúzia por aí (risos). Mesmo não ganhando dinheiro, nem aparecendo na grande mídia, um elogio de vez em quando sempre é bom para o ego e para o espírito.


TEREZA RECHE
Por que na sua opinião, certos gêneros, por mais interessantes que pareçam ser, não vendem no mercado atual literário? Qual a estratégia, se é que existe, a ser posta em prática para que este obstáculo seja vencido? 

DIEGO DE TOLEDO
Este não é um fenômeno exclusivo da literatura, mas também da música, por exemplo. Certos gêneros literários nunca vão acabar, mesmo que seu espaço seja pequeno. No entanto, acredito que há espaço para todos os gêneros e estilos literários, cabe a cada leitor refletir sobre isso e abrir sua mente.

TEREZA RECHE
Cultura e Intelectualidade caminham de mãos dadas, entretanto não são homogêneas... Afinal, a sociedade está mais intelectualizada ou apenas mais “antenada”?

DIEGO DE TOLEDO
Com certeza, apenas mais “antenada”. Sem dúvidas, a intelectualidade dos dias atuais é menor que em outros tempos, e temos perdidos muitas boas pessoas, seja pela idade ou por outros fatores. Cabe a nós, mais jovens, ouvir as histórias destas pessoas, absorver seus conhecimentos e suas palavras. E, com base nelas, aperfeiçoar nosso caráter, nossas próprias experiências. 

TEREZA RECHE
Em que está trabalhando atualmente (livros)?

DIEGO DE TOLEDO
Atualmente, não tenho trabalhado em nenhum livro. Mas tenho produzido muito (uma base de cinco crônicas por mês), textos maravilhosos. O site Crônicas Mantiqueiras está dando um bom retorno, bem como as publicações em Jornais Regionais. 

TEREZA RECHE
De suas obras, qual sente maior apreço e qual sua sinopse resumida?

DIEGO DE TOLEDO
Puxa! São tantas... Diria pra você que tenho dois textos especiais: “O som da eternidade” (https://sites.google.com/site/cronicasmantiqueiras/home/pub) e “Meu aniversário” (https://sites.google.com/site/cronicasmantiqueiras/textos/20). São belas lembranças de minha falecida avó paterna, produzidas em memórias reais misturadas a sonhos tão belos. São histórias que nos fazem sentir que estamos vivos, bem vivos neste mundo tão turbulento.

TEREZA RECHE
É complexo discutir política hoje no Brasil, entretanto é nítido que ser escritor hoje, e não me refiro aos últimos poucos anos, cito décadas e décadas atrás, é extremamente dificultoso. Porém, devido à crise intensa em que vivemos, e o foco dos auxílios do atual governo não ser os profissionais escritores, como você analisaria do seu ponto de vista, o futuro das Editoras, dos escritores iniciantes e por fim dos livros físicos? 

DIEGO DE TOLEDO
É bem complicado, todos estão buscando formas de se manter e de poder disseminar suas palavras. Penso que é um processo de adaptação bem difícil, onde vamos seguindo em frente, um dia após o outro.



TEREZA RECHE
Quais seus planos para 2016 em relação a sua vida literária?

DIEGO DE TOLEDO
Continuar produzindo belas crônicas, coisas do coração, belas palavras que emocionem outras pessoas, por mais simples que sejam... E que estas crônicas sigam ao lado de minhas andanças pelas estradas de chão de nossa terra.

TEREZA RECHE
Deixe sua mensagem aos leitores e colegas de profissão. 

DIEGO DE TOLEDO
Foi uma honra ser entrevistado e apresentar opinião sobre assuntos tão diversos e importantes para o ambiente literário. Eu sou apenas um bom caipira, um andarilho... As palavras, as frases e os textos formados não são meus, são de todos que buscam coisas belas, que lutam pelo resgate da história, da preservação ambiental e da valorização de nossa gente. Deixo aqui um trecho de uma crônica ainda não publicada: 

“Poemas encantados de dias tão iguais, instantes e estradas, versos e segredos do caminho. Envoltos na poeira do sertão, tendo um ao outro como apoio para vencer todo desafio.” 

                                                           Um abraço meus camaradas!





Caro Diego de Toledo, foi um prazer ter sua participação no Blog Por Tereza Reche.

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